A procura por análise de dados no meio corporativo cresce a cada dia. Estima-se que o mercado de Business Intelligence (BI) e softwares analíticos deve gerar mais de US$ 18 bilhões em 2026, segundo a empresa alemã Statista.
Já a Pesquisa Global de Gestão de Dados 2021, divulgada pela datatech Serasa Experian, em conversa com 700 líderes de negócios no Brasil, Reino Unido e Estados Unidos, afirma que 72% das empresas sente que a aceleração da transformação digital tornou suas operações mais dependentes da análise de dados.
Isso significa que a intensidade dos meios digitais – ainda mais depois da pandemia – vem causando drásticas mudanças no comportamento humano, o que também afeta a maneira que as pessoas consomem produtos e serviços.
Para acompanhar esse ritmo, a coleta e análise de dados é o meio mais eficaz para compreender o que as pessoas pensam, desejam e precisam, a fim de encontrar estratégias mais acuradas para que seja possível promover o crescimento das empresas.
Como coletar dados?
Existem diversas maneiras de coletar dados dos clientes e das empresas, todas com a função de desencadear insights que sejam úteis para resolução de problemas, ajustes de processos e criação de novos recursos.
Clientes
No geral, existem três tipos de dados do consumidor:
- First-party data: diretamente coletados do cliente pela empresa
- Second-party data: compartilhados por uma instituição parceira sobre seus clientes
- Third-party data: disponibilizados (vendidos) por instituições que não têm conexão direta com determinada empresa ou seus clientes
Eles podem ser quantitativos ou qualitativos, a depender da necessidade da empresa. Ambos têm seu valor e podem ser a fonte de diversos planos estratégicos de sucesso.
A maneira como as informações são coletadas dependem dos objetivos, público-alvo e período de tempo. Esses dados podem ser demográficos, geográficos, comportamentais, sobre hábitos de consumo, relacionamento com marcas ou qualquer outro que seja útil para a empresa.
Assim, existem diferentes formas de coletá-los, como:
- Pesquisas e entrevistas (online ou em campo): opinião direta dos clientes ou do público-alvo sobre diferentes tópicos
- Monitoramento transacional: informações sobre compras, pedidos de orçamento, cancelamentos, suspensão de contratos, produtos e serviços mais ou menos populares, etc.
- Monitoramento online: acessos a sites, informações sobre os usuários coletadas por ferramentas de análise digital, pixels ou cookies
- Formulários: cadastro, login, assinatura de conteúdos, preferências sobre produtos, informações pessoais, etc.
- Monitoramento de redes sociais: engajamento, curtidas, compartilhamentos, comentários, visualizações, mensagens, etc.
Empresa
A empresa pode coletar seus próprios dados como forma de otimizar processos internos. Podem ser informações de produtividade (volume e tempo), despesas, logística, organização de equipes, dentre várias outras.
Formulários, pesquisas de satisfação, feedback dos colaboradores e observação dos gestores são algumas formas de conseguir esses dados.
Como visualizar dados?
Os bancos de dados permitem a visualização de todas as informações, mas é imprescindível que sejam organizados de maneira clara, concisa e de fácil manutenção – incluindo atualizações e limpezas frequentes.
As planilhas do Excel são bastante utilizadas e se mostram competentes diante da visualização de dados, mas existem ferramentas que trazem insights ainda mais completos e sofisticados, como:
- Microsoft Power BI;
- Tableau;
- Google Data Studio;
- Metabase;
- DataMelt;
- Thoughtspot;
- Sisense;
- SAP BusinessObjects;
- Python;
- Qlik.
Essas plataformas usam diferentes interfaces para a visualização de dados, como gráficos, estatísticas, diagramas e outras representações visuais.
Como fazer análise de dados?
Com a ajuda das ferramentas citadas acima é possível fazer análises aprofundadas dos dados.
Considerando a grande quantidade e a riqueza das informações, o primeiro passo é saber o que procurar.
Por exemplo, se a empresa quer saber em quais regiões do país seus produtos são mais e menos requisitados, os analistas devem observar dados demográficos e de comportamento, buscando entender por que o relacionamento com a marca difere de acordo com a localização.
A interpretação é uma maneira de descobrir padrões, conexões e tendências entre um dado e outro, aumentando o entendimento sobre as pessoas e o mercado.
Essa não é uma tarefa simples. Logo, a atuação de profissionais qualificados, como analistas, engenheiros e cientistas de dados, é fundamental para que as informações sejam avaliadas de forma correta.
Junto com outros times da empresa, esses especialistas podem criar inúmeros planos estratégicos para melhorias e mudanças internas ou externas que possam beneficiar os negócios. A forma como isso é feito depende do que os dados revelam, das necessidades e das políticas internas da companhia.
Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD)
A Lei nº 13.709/2018, chamada Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), tem o intuito de proteger os direitos de liberdade, privacidade e de livre formação da personalidade de cada indivíduo no que diz respeito a seus dados pessoais. O órgão regulamentador é a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD).
Considera-se uma série de aspectos sobre informações de pessoas físicas ou jurídicas de direito público ou privado, como coleta, classificação, acesso, utilização, reprodução, distribuição, armazenamento e eliminação.
Isso significa que as empresas devem seguir diretrizes específicas para garantir a proteção dos usuários. Uma das principais regras é comunicar sobre quais informações devem ser coletadas, por que são necessárias e como serão utilizadas. Também é obrigatório apresentar meios em que as pessoas escolham ceder ou não os seus dados.
Seguindo as exigência da LGPD, as empresas devem mapear dados pessoais, adequar processos internos, criar protocolos de gestão de consentimento e anonimização, elaborar relatórios de impacto, investir em proteção de dados, desenvolver planos de comunicação em casos de incidentes de segurança, determinar canais de atendimento para que as pessoas solicitem seus direitos e treinar colaboradores.
Em caso de descumprimento da lei, as penalidades aplicáveis são advertências, multas diárias ou simples (até 2% do faturamento, com limite de R$ 50 milhões), publicização da infração, bloqueio ou eliminação das informações dos indivíduos envolvidos, suspensão do banco de dados e proibição parcial ou total de qualquer atividade relacionada ao tratamento de dados.