O banco central é uma das principais figuras econômicas de cada país, pois é ele quem regula cada sistema financeiro nacional. Mas você sabia que também há uma instituição responsável por controlar os próprios bancos centrais?
Essa instituição é o Banco de Compensações Internacionais, conhecido pela sigla em inglês BIS. O BIS não atua diretamente com os bancos e contas internacionais, mas sim com os bancos centrais que são seus parceiros.
Em outras palavras, o BIS é responsável por atuar na macroeconomia e proteger o sistema global. No entanto, é provável que você jamais tenha ouvido falar do BIS, o que é compreensível, já que ele não atua no dia a dia dos cidadãos.
Portanto, veja agora o que é o BIS e quais são as suas principais funções.
O que é o BIS?
O BIS foi criado há mais de 90 anos, em 1930, portanto é a mais antiga instituição financeira de caráter internacional. Sua sede fica na Basileia, terceira maior cidade da Suíça e também a capital cultural do país.
É por isso que os acordos financeiros internacionais – coordenados pelo BIS – recebem o nome de Acordos de Basileia.
A principal função do BIS é unificar e representar seus membros, criando políticas monetárias em comum para todos. Exemplos disso são os já citados Acordos de Basileia, um conjunto de regras que visa regulamentar e dar solidez ao sistema financeiro global.
Outra função do BIS é combater ataques especulativos de fundos a moedas nacionais, impedindo crises causadas por desvalorizações. Logo, o BIS visa impedir que seus membros sofram alguma crise por causa de manipulações das suas moedas.
Por fim, a instituição também faz o papel de intermediária entre a cooperação monetária global. Nesse sentido, o BIS estuda os impactos causados por inovações trazidas pelos próprios bancos centrais membros.
Um exemplo recente disso são os estudos do banco sobre as moedas digitais de bancos centrais (CBDCs), que estão em fase de estudos por países como:
- Estados Unidos;
- Brasil;
- União Europeia;
- Entre outros.
Embora tenha sua sede na Basileia, o BIS possui bases em outros locais do mundo, como Hong Kong e no México. O banco também possui várias divisões internas que cuidam de assuntos como tecnologia, gestão de reservas bancárias, tratamento jurídico, entre outras.
Como ser membro do BIS?
Para fazer parte do BIS, os bancos centrais precisam se associar ao banco, tornando-se seus acionistas. Ou seja, nenhum banco central é obrigado a se associar ao BIS, de modo que segundo o site da instituição, cerca de 63 bancos centrais são acionistas do BIS.
O número parece baixo em comparação com os mais de 200 países do mundo, mas os membros do BIS representam mais de 95% do PIB global. Instituições como o Banco Central Europeu (BCE), Banco da Inglaterra e o Federal Reserve dos EUA (Fed) são acionistas do BIS.
De acordo com o site do Banco Central do Brasil (Bacen), a missão do BIS é “atuar como um banco para bancos centrais, auxiliar os bancos centrais e demais autoridades financeiras dos países na manutenção da estabilidade monetária (…)”.
Inclusive, é importante reforçar que o próprio Bacen é acionista do BIS desde 1997.
Acordos de Basileia
Dentre as políticas do BIS, as mais conhecidas são os Acordos de Basileia, três acordos assinados entre os bancos centrais membros. O chamado Basileia I foi assinado em 1988 e substituído pelo Basileia II em 2004.
Já o Basileia III entrou em vigor em novembro de 2010, como resposta à crise financeira de 2008, e está em vigor até hoje. Este acordo forçou os bancos a aumentarem suas reservas contra crises e ter menos alavancagem. Isto é, os bancos não poderiam se expor ao risco de falência em suas operações.
Além disso, o BIS estipulou que os bancos teriam que aumentar de 2% para 4,5% o seu capital de alta qualidade. Ou seja, a instituição determinou que os bancos deveriam ter menos exposição a ativos de risco, um dos fatores que desencadeou a crise de 2008.
Em suma, o papel do BIS engloba a atuação em todos os setores, desde a coordenação entre os bancos centrais até os bancos de varejo. Coordenando todos esses atores, o BIS tem como objetivo desenvolver mecanismos para evitar futuras crises financeiras.